Fonte: Instituto Akatu
O desperdício na etapa do consumo é muito presente em países desenvolvidos, devido ao alto nível de exigência dos consumidores, enquanto o desperdício nas fases de colheita e transporte são mais comuns em países subdesenvolvidos. No caso do desperdício no Brasil, são apresentadas características de países mais pobres, como a alta taxa de perda nas primeiras etapas, assim como de nações mais ricas, tendo um desperdício elevado no consumo.
Segundo dados divulgados pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) 28% dos alimentos são desperdiçados, na América Latina, nas etapas finais do ciclo. Para Gustavo Porpino, analista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), as perdas no fim da cadeia são especialmente preocupantes, “jogar comida fora, no final das contas, é desperdiçar todo o esforço necessário para mover o alimento do campo até a mesa e também tudo que é necessário para produzir o alimento. Estamos falando não apenas do desperdício de alimento, mas desperdício de água, nutrientes, insumos diversos necessários para vencer o desafio de produzir alimento nas condições tropicais do Brasil”.
Entre as principais razões para o desperdício alimentar durante o consumo se destacam a perda estética, o armazenamento incorreto e a falta de planejamento ao realizar as compras domésticas. A perda estética acontece quando o cliente não compra determinado produto em virtude da sua aparência, mesmo que este se encontre adequado para o consumo, conforme explica Ebenézer Silva, especialista em pós-colheita da Embrapa, “isso faz com que melões, por exemplo, que estejam perfeitamente íntegros, perfeitamente nutritivos, saudáveis, mas têm pequenos defeitos sejam descartados”.
Já o armazenamento dos alimentos deve ser feito respeitando as demandas específicas de cada tipo, os produtos de origem de animal, como carnes, queijos, iogurtes, devem ser mantidos sempre sob refrigeração, segundo explica Juliane Gasparin, coordenadora do laboratório de lacticínios da Universidade Federal do Ceará (UFC), “a vida útil da carne, do iogurte e de todos esses produtos perecíveis, vai depender dos fatores de temperatura e de umidade aos quais eles foram submetidos”.
Finalmente, as promoções em supermercados e feiras podem ser muito tentadoras para os consumidores, que acabam se deixando levar pelos baixos valores e compram mais do que conseguem consumir. “Eu acabo levando muito mais do que deveria, porque eu fico encantada com as promoções e às vezes é uma quantidade muito maior do que eu posso consumir na semana”, afirma a analista de recursos humanos, Emília Albuquerque. As compras realizadas por impulso acabam gerando aumento no desperdício doméstico e, consequentemente, impacto financeiro, Gustavo Porpino salienta essa relação, “a gente nota que o desperdício na etapa de consumo, principalmente, impacta negativamente no orçamento familiar, quer dizer, jogar comida fora é também desperdiçar dinheiro e é importante a população ter essa noção”.
São várias as iniciativas que têm como foco evitar o desperdício de alimentos, realizadas tanto no Brasil como em outros países. A cooperativa Fruta Feia surgiu em Portugal e tem o objetivo de levar à população frutas e hortaliças que não se encaixem no circuito comercial, seja por seu tamanho ou aparência. E possibilita, dessa forma, o acesso a produtos que possuem qualidade alimentar mas seriam desperdiçados, a preços mais baixos. Criada pela engenheira ambiental, Isabel Soares, em 2013, o lema da cooperativa é Gente bonita come Fruta Feia.
Já no Brasil, a iniciativa #SemDesperdício, lançada em conjunto pelo WWF-Brasil, a Embrapa e a FAO, tem como objetivo ampliar a consciência sobre o desperdício de alimentos, utilizando artifícios como o desafio Uma Mania a Menos, em que o participante recebe um email diário durante dez dias com dicas para reduzir o desperdício de alimentos.
Outra iniciativa destinada à discussão desse tema é o Save Food Brasil, apoiado pela FAO, chegou ao país no fim de 2016, e visa implementar uma rede nacional de especialistas interessados na redução do desperdício de alimentos, além de divulgar práticas bem-sucedidas e auxiliar na implantação de políticas públicas em prol da redução de perdas.
Uma boa medida para diminuir o desperdício domiciliar é começar a reaproveitar itens que não seriam consumidos, essa iniciativa gera impactos tanto sobre a quantidade de lixo produzido quanto sobre a saúde da pessoas que aderem a essa prática.
Segundo a professora do departamento de engenharia de alimentos da UFC, Kaliana Sitonio, implementar elementos como cascas e sementes à dieta pode trazer inúmeros benefícios “quando a gente aplica isso, além de gerar menos resíduos orgânicos, a gente tá trazendo pro nosso organismo vários nutrientes que antes eram de pouco acesso. Por exemplo, incorporar fibras, compostos bioativos”.
Umas das receitas mais tradicionais da cultura nordestina, o baião de dois, parte justamente de um esforço para evitar desperdiçar alimentos. Além disso, a internet está repleta de receitas que tem como base o uso de sobras, bem como de resíduos de frutas que normalmente vão para o lixo. Acompanhe abaixo algumas dessas opções:
Ingredientes
• 2 xícaras de casca de batata cozidas e batidas
• 2 xícaras de farinha de trigo
• 2 ovos
• 2 colheres de salsinha picada
• sal a gosto
• 1 colher (sobremesa) de fermento em pó
• óleo para fritar
Modo de Preparo
Ferver as cascas de batata e bater no liquidificador. Colocar a massa numa tigela, acrescentar os ovos, a farinha, sal e o fermento. Misturar bem. Aquecer o óleo e ir fritando os bolinhos às colheradas.
Bolinho de cascas de batatas
Ingredientes
• 30g de fermento fresco
• 1 xícara de água morna
• 1/2 xícara de óleo
• 1 colher (sobremesa) de sal
• 1/2 Kg de farinha de trigo
Modo de preparo
Massa: Dissolver o fermento na água. Juntar o óleo, o sal e aos poucos a farinha. Amassar tudo até que a massa não grude nas mãos. Deixar crescer até dobrar de volume. Abrir a massa, rechear, enrolar e deixar descansar até dobrar de volume.
Levar para assar em forno pré-aquecido.
Recheio: Fazer um refogado com alho, cebola, folhas e talos diversos (beterraba, nabo, espinafre, couve etc). Deixar esfriar e rechear o rocambole.
Rocambole de folhas e talos
Ingredientes
• 6 bananas com casca
• 1 xícara de água
• 1 xícara de leite
• 30g de fermento fresco
• 1/2 xícara de óleo
• 1 ovo
• 1/2 pitada de sal
• 1/2 kg de farinha de trigo
Modo de Preparo
Bater as cascas de bananas e a água no liquidificador. Juntar o óleo, os ovos e o fermento e bater mais um pouco.
Acrescentar a farinha, o sal e o açúcar e misture. Por último, colocar na massa as bananas em rodelas. Colocar a massa
em uma forma untada com margarina e farinha de trigo.
Deixar crescer até dobrar de volume e levar para assar em forno pré-aquecido.
Pão de casca de
banana
Ingredientes
• 2 colheres de sopa de margarina ou manteiga
• 2 xícaras rasas de açúcar
• 3 gemas
• 2 xícaras cheias de farinha de trigo
• 1 xícara de leite de côco
• 1 xícara de bagaço de milho verde
• 1 colher de sopa de fermento em pó
• 3 claras em neve
Modo de Preparo
Bater a manteiga com o açúcar e as gemas até formar um creme. Juntar a farinha, o leite, o bagaço de milho e o
fermento pela ordem dos ingredientes; mexendo delicadamente. Despejar em uma forma untada e colocar alguns
pedaços de queijo na massa. Assar em forno quente.
OBS.: Utilize o bagaço que sobrou do mingau de milho verde ou da pamonha.
Bolo de bagaço de milho verde
Ingredientes
• cascas bem lavadas de 6 maracujás firmes
• 2 xícaras (chá) de açúcar
• 3 xícaras (chá) de água
• 1/2 xícara (chá) de suco de maracujá
• 2 pauzinhos de canela
Modo de Preparo
Cortar os maracujás ao meio, retirar a polpa e descascar, deixando toda a parte branca. Depois de lavadas, cobrir as cascas com água e deixar de molho de um dia para outro.
Escorrer e coloque numa panela. Juntar o açúcar, a água, o suco de maracujá e a canela. Levar ao fogo e cozinhar tudo até que se forme uma calda meio grossa.
Doce de casca de maracujá
Ingredientes
• casca de 1 melão médio
• água
• 1 pauzinho de canela
• 2 cravos inteiros
• açúcar
Modo de Preparo
Lavar e cortar em pedaços a casca do melão (casca externa e branca) e levar para cozinhar com água que as cubra
inteiramente. Cozinhar até que se desfaça a parte branca.
Coar em pano limpo, fino, espremendo bem para tirar todo o suco. Para cada copo de suco obtido, juntar 1 copo de
açúcar, acrescentar a canela e os cravos e levar novamente ao fogo para ferver até tomar o ponto de geleia.
Geleia de casca
de melão